Aproveitando esse clima retrô deixado pelo escrito sobre o filme "A Rosa Púrpura do Cairo", tratarei sobre esse disco, que carrega um espírito similar. Trata-se de "Truelove's Gutter", do Richard Hawley. Ouvir esse álbum é como retornar ao passado, que é, ao mesmo tempo, tão presente...
Estava ouvindo-o (é o sexto da carreira do Richard Hawley) esses dias, viajando de ônibus, e vi nele um álbum pra viajar, mas pra dentro de si. A voz de crooner, as melodias e a sonoridade das guitarras abrem espaço para a divagação: podemos trazer para o presente o melhor do passado? É claro que sim.
Algumas faixas merecem uma atenção especial: "As the Dawn Breaks" é a primeira faixa, que dá um tom de melancolia que vai e volta ao longo do disco. Se essa cria um tom deprê, o sentimento explode em "Open up your door"; seu começo é simples, tímido e suave; , até crescer e explordir em cores e cordas. Lindo, exala um certo otimismo, uma mensagem positiva.
Temos "Remorse Code" como quarta faixa; novamente o clima do disco levanta após o tom triste de "Ashes on fire". Apesar de sua letra um pouco hermética, sua sonoridade remete às tardes de piquenique com a namorada, ou um reencontro com amigos após certo tempo: as coisas acontecem e o tempo passa sem nos darmos conta. Não é à toa que a música voa em seus 9:51.
"Soldier on" é uma música pesada, de letra forte, de tom ameaçador e que pode derrubar o ouvinte desavisado. É um caso que ocorre com frequência em músicas e artistas dos quais admiro: parece que o silêncio é mais ensurdecedor que as guitarras distorcidas e os gritos.
Após "Soldier on" temos "For Your Lover Give Some Time", uma das músicas mais bonitas que existem: ela não cresce, mas sustenta os espaços silenciosos; podemos pensar nessa música no tom de "fumando um cigarro vendo o por do sol" e pensando...pensando, sem barreiras.
Sobre o silêncio em suas canções, parece que tudo aquilo que suas músicas extraem de nós é fruto desse silêncio: a melancolia, a distração, a felicidade, o desconsolo. Não sei se é um álbum pra ajudarnos a se encontrar ou a se perder.
E como uma última curiosidade, a o título do álbum pode ser descrito como "a sarjeta do amor verdadeiro!" Talvez a sarjeta do amor verdadeiro seja composta dessas 'coisas' presentes no álbum: o silêncio, a dor,a alegria, o desespero, o encerrar e o recomeçar.
Pra finalizar, uma apresentação do Valentine's Day em 2013. Nessa, há músicas de outros álbuns e as duas melhores desse: "Open up your door" e "For Your Lover Give Some Time".
Boa audição.